Drogas nas Forças Armadas, perfil do usuário e persecução criminal:
a questão da inconvencionalidade do artigo 290 do Código Penal Militar
DOI:
https://doi.org/10.46901/revistadadpu.i10.p342-368Palavras-chave:
Usuário de drogas, Forças Armadas, Grupo vulnerável, Controle de convencionalidade, DescriminalizaçãoResumo
Este trabalho objetiva traçar o perfil dos usuários de drogas nas Forças Armadas e analisar a inconvencionalidade do art. 290 do Código Penal Militar, que proíbe a posse de drogas para consumo pessoal em área sob administração militar. A pesquisa apontou que o referido dispositivo serve majoritariamente à incriminação de usuários de drogas, jovens cabos e soldados de 18 a 21 anos, de baixa renda e baixa escolaridade, a maioria dos quais prestando o serviço militar obrigatório, que, no momento do crime, estavam desarmados, não cumpriam serviço de escala e foram flagrados na posse de ínfima quantidade de maconha para consumo pessoal. Por se tratar de um grupo vulnerável, as Convenções da ONU sobre Drogas e a novel Resolução S-30/1 aprovada na Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2016 (UNGASS 2016) exigem a implementação de medidas práticas pertinentes à faixa etária, bem como a proteção da saúde, da segurança e do bem-estar desses indivíduos. No entanto, ao invés de adotar tais medidas sociais e de saúde, o Brasil segue encarcerando usuários de drogas com base no art. 290 do CPM por até cinco anos. Portanto, tal dispositivo obsta o cumprimento do compromisso internacionalmente assumido pelo Brasil perante a UNGASS 2016 e vulnera as referidas Convenções da ONU. Ante o exposto, concluiu-se pela inconvencionalidade do art. 290 do CPM e a consequente descriminalização da posse de drogas para consumo pessoal em área sob administração militar.
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