Acesso à justiça e assistência jurídica: elementos da fisiologia do estado a partir das necessidades humanas

Autores

  • Edilson Santana Gonçalves Filho Defensoria Pública da União

DOI:

https://doi.org/10.46901/revistadadpu.i16.p97-110

Palavras-chave:

Filosofia do Estado, Sistema de Justiça, Acesso à Justiça, Assistência Jurídica, Defensoria Pública

Resumo

Este estudo objetiva apresentar o acesso à justiça e a assistência jurídica gratuita, corolário do primeiro, como elementos integrantes da composição dos Estados modernos. Realizando-se a análise de textos clássicos ligados à filosofia (ou teoria) do Estado, verificou-se como as necessidades humanas se relacionam com a concepção clássica da formação das sociedades organizadas, ideia que, de alguma forma, encontra-se presente, séculos depois,
na teoria do Estado de Direito, especialmente no que concerne ao reconhecimento de direitos
fundamentais a todos os indivíduos. O amplo reconhecimento de direitos operado pela atividade legislativa, todavia, não foi capaz de evitar eventos de opressão e abusos de poder. Essas situações colocaram em xeque as aspirações de igualdade e a capacidade do poder público como seu garante, o que deslocou o papel do sistema de justiça para uma
posição de protagonismo e seu próprio reconhecimento como direito humano. A necessidade de se garantir acesso à justiça, todavia, não se perfaz sem que se garanta assistência
jurídica. O direito a ter direitos, portanto, opera como elemento chave da formação do Estado de Direito. A pesquisa foi realizada através de revisão bibliográfica.

Biografia do Autor

Edilson Santana Gonçalves Filho, Defensoria Pública da União

Mestrando em Direito, Universidade Federal do Ceará. Especialista em Direito Processual, UNI7. Defensor Público Federal

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Publicado

04-05-2022

Como Citar

Gonçalves Filho, E. S. (2022). Acesso à justiça e assistência jurídica: elementos da fisiologia do estado a partir das necessidades humanas. Revista Da Defensoria Pública Da União, (16), 97-110. https://doi.org/10.46901/revistadadpu.i16.p97-110

Edição

Seção

DEFENSORIA PÚBLICA E ACESSO À JUSTIÇA