O mito da democracia racial e o funcionamento do sistema de justiça criminal brasileiro: uma revisão da literatura a partir da sociologia da administração da justiça
DOI:
https://doi.org/10.46901/revistadadpu.i16.p43-56Palabras clave:
Funcionamento do sistema de justiça criminal, Mito da democracia racial, Racismo estrutural, Raça e classeResumen
A raça constitui uma variável de estratificação social segundo a qual diferentes pigmentações da pele e etnias determinam diferentes experiências sociais. A partir disso, o estudo buscou discutir o mito da democracia racial no Brasil e analisar o funcionamento do sistema de justiça criminal, para dizer se e como é imposto um tratamento desigual
entre os suspeitos de crimes, a partir da pigmentação da pele. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e documental. Por meio da revisão dos estudos de Fernandes e de Almeida o racismo estrutural foi discutido e, especificamente a partir dos estudos de sociologia da administração da justiça propostos desde Coelho, Paixão, Thompnson até os mais recentes como Zacone, Azevedo e Campos, foi analisado o racismo no funcionamento do sistema de justiça penal. Os resultados obtidos indicaram que o racismo estrutural está presente no sistema de justiça, especialmente a partir da ponta, da atuação policial seletiva. Além disso, evidenciou-se a intersecção entre raça e classe
como variáveis que interferem na atuação seletiva das agências de controle. Isto reitera a necessidade de repensar o funcionamento do sistema de justiça que traduz ainda uma democracia não consolidada, mesmo após decorridos mais de trinta anos do período de redemocratização do país.
Citas
ADORNO, S. Discriminação racial e justiça criminal em São Paulo. Novos estudos CEBRAP,
São Paulo, n. 43. p. 45-63, nov. 1995.
______. Racismo, Criminalidade Violenta e Justiça Penal: Réus Brancos e Negros em Perspectiva
Comparativa. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 18, p. 283-300, 1996.
ALMEIDA, S. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.
AVILA, M. F. F. Mito da democracia racial: três visões acerca da legitimação da desigualdade social
no Brasil. In: Encontro Nacional de Economia Política, 24., 2019, Vitória. Anais [...]. Vitória:
UFES, 2019. Disponível em: <https://sep.org.br/anais/2019/Sessoes-Comunicacao/Mesa3/3130.
pdf>. Acesso em: 28 mar. 2021.
BASTIDE, R.; FERNANDES, F. Brancos e negros em São Paulo: Ensaio sociológico sôbre
aspectos da formação, manifestações atuais e efeitos do preconceito de co?r na sociedade paulistana.
ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
BRASIL. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Atualização junho de 2016.
SANTOS, T. (Org.). Brasília, DF: Ministério da Justiça e Segurança Pública. DEPEN, 2017.
Atualização - Junho de 2016
CAMPOS, M. S. Pela metade: as principais implicações da nova lei de drogas no sistema de
justiça criminal brasileiro. 2015.Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
COELHO, E. C. A criminalização da marginalidade e a marginalização da criminalidade. Revista
de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 139-161, mar. 1978.
LIMA, R. S. Atributos raciais no funcionamento do Sistema de Justiça Criminal Paulista. São
Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 60-65, 2004.
MARTIUS, K. F. P. V. Como se deve escrever a história do Brasil. Jornal do Instituto Histórico
e Geográfica Brazileiro, Rio de Janeiro, T. 6, p. 381-403, 1844.
MISSE, M. Sujeição Criminal. In: LIMA, R. S.; RATTON, J. L. Crime Polícia e Justiça no
Brasil. São Paulo: Contexto, 2014.
PAIXÃO, A. L. A organização policial numa área metropolita na. Revista de Ciências Sociais, Rio
de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 63 -85, 1982.
______. Crime, controle social e consolidação da cidadania: as metáforas da cidadania. In: REIS,
F.;O´DONNELL, W. (Org.). A democracia no Brasil: dilemas e perspectivas. São Paulo: Vértice, 1988.
PAIXÃO, A. L.; BEATO F., C. C. Crimes, vítimas e policiais. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, São
Paulo, v. 9, n. 1, 233248, maio 1997.
THOMPSON, A. Quem são os criminosos? Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.
VARGAS, J. D.; RIBEIRO, L. M. L. Estudos de fluxo da Justiça Criminal: Balanço e perspectivas.
In: Encontro Anual da Anpocs, 32., 2008, Caxambu. Anais [...]. São Paulo: ANPOCS, 2008.
##submission.downloads##
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Revista da Defensoria Pública da União
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
A. Los autores conservan los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación;
B. Los autores están autorizados a tomar contratos adicionales por separado, para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (por ejemplo: publicación en un repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista;
C. Se permite y alienta a los autores a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la mención del trabajo publicado.